O BOBO DA CORTE
História extraída da revista argentina “El puentecito”.
Ilustrada e adaptada pela Pra Gabriela Pache de Fiúza. Revisão Maria da Graça
Fabri.
Figura 1
Havia uma vez, já há muito, muito, muito tempo, num
reino distante, um castelo imponente e bonito. Vivia ali uma família muito
distinta: um rei, a rainha e os seus doze principezinhos, seis meninos e seis
meninas.
Além disso, viviam ali muitos familiares, e também o
castelo era freqüentado por ilustres visitantes. Um exército de servos mantinha
o castelo limpinho, todo arrumado, ordenado e reluzente.
Cuidavam de todas as necessidades do rei, da rainha dos
filhos e de todos os visitantes, e ainda sobrava tempo para passear e descansar
porque cada um cumpria alegremente com as suas tarefas. No castelo reinava a
paz e a obediência.
Figura 2
Mas que ninguém ache que os reis e seus filhos ficavam
coçando a barriga todo o dia, não! Cada um tinha as suas responsabilidades. As
crianças tinham suas tarefas diárias, alguns lavavam louça, outros varriam, outros
arrumavam quartos, etc.
Os reis não queriam que os seus filhos fossem
preguiçosos, e sim queriam seis responsáveis e corajosos meninos e seis
submissas e encantadoras meninas.
Quando o inverno chegou, o sol se ocultava às cinco da
tarde e clareava só às seis da manhã. Como as noites eram tão compridas, o rei
e a rainha tinham no castelo muitos músicos e artistas para entreter as visitas
nos alegres jantares oferecidos para eles.
Figura 3
Um dia chegou ao castelo um estranho homenzinho. Ele
estava procurando emprego como bobo da corte (assim são chamadas as pessoas que
se encarregam de divertir os reis e senhores da corte)
-Meu nome é Naoq. Disse o homenzinho para o mordomo que
abriu a porta.
-Eu sei fazer de tudo: contar piadas, dançar, cantar,
fazer acrobacias, sou muito engraçado!
O mordomo falou com o rei, que decidiu contratá-lo
durante todo o inverno. Foi assim que o bobo da corte passou a trabalhar no
castelo.
Figura 4
Nas primeiras noites deixou a todos encantados com a sua
atuação. Pequenos e grandes riram tanto que ainda dormindo continuavam se
ouvindo gargalhadas nos luxuosos quartos.
Mas logo, logo começou a acontecer algo muito, muito
estranho.
O Bobo da corte tinha uma característica engraçada,
jamais fazia o que pediam pra ele. Se alguém falava: faça alguma acrobacia.
Naoq começava a cantar!
Quando pediam que cantasse, ele começava a dançar.
E quando pediam que dançasse, ele começava a contar
piadas. No início todos acharam muito engraçado, mas logo começou a acontecer
algo alarmante: muitos começaram a agir da mesma maneira que o Bobo da corte!
Figura 5
Primeiro os músicos. Os reis pediam um concerto de
violino e eles tocavam os tambores. A rainha pediu: Amanhã quero uma música
alegre porque temos um aniversário, então os músicos chegavam vestidos de preto
tocando músicas muito tristes, tanto que todos terminavam chorando na festa.
No outro dia o rei pedia: Agora toquem música suave e
tranqüila porque queremos conversar com os visitantes. Mas o que vocês acham
que os músicos faziam?
Vestiram-se de cores estridentes e começaram a tocar
seus instrumentos num som altíssimo que não dava pra ouvir nada!
Todos que estavam no castelo, tapavam os ouvidos
apavorados.
-Guardas! Venham imediatamente! Disse o rei com muita
raiva.
-Prendam estes homens que estão perturbando a paz do meu
castelo!
Mas em lugar de prender os músicos, os guardas
aplaudiam, abraçavam e davam os parabéns, pra eles!
Figura 6
-Mordomos, servos e servas! Gritava o rei: Venham aqui,
por favor!
Mas que coisa mais maluca! Essa estranha peste tinha
pegado em todos os servos do rei.
A rainha chorava desconsolada quando viu o estado do seu
lindo castelo. Todos, do mordomo até o jardineiro, em lugar de obedecer
começaram a brincar, a descansar, outros saiam a passear.
A terrível e estranha peste estava por todo lugar. Os
cozinheiros no café da manha serviam sopa, e na hora do almoço chá com
bolachas!
As empregadas na hora de limpar tiravam um cochilo, e na
hora de dormir faziam muita bagunça e ninguém no castelo conseguia dormir.
Colocavam os moveis de cabeça pra baixo, arrumavam à
cama quando as pessoas ainda estavam dormindo. Ninguém obedecia, era um caos.
Até as plantas do castelo se contagiaram.
-Oh, meu rei! Reclamava o jardineiro:Plantei batatas e
nasceram girassóis! Plantei espinafre e nasceu melancia!
Figura 7
Essa peste pegou também nos filhos do rei, eles ficaram
totalmente insuportáveis! Não obedeciam mais a os seus pais nem aos seus
professores! Todos eles abandonaram as suas responsabilidades.
Agora ninguém limpava nem ordenava nada. As crianças
riscavam as paredes, brigavam, não dormiam quando os seus pais mandavam, não
queiram ir à escola, não estudavam e nem banho queriam tomar. Eles faziam o que
queriam!
Os visitantes do castelo ao ver essa doença saíram
apavorados, mas tiveram que ir a pé, porque nem os cavalos queriam obedecer,
eles deitavam-se, ou pulavam dando chutes.
Assim o castelo que tinha sido tão feliz e pacífico se
transformou em um tormento, cheio de prantos, gritos, sujeira, desordem e
desobediência!
O rei e a rainha estavam desconsolados! Todos os
habitantes do reino diziam:
-O castelo esta amaldiçoado!
O único que parecia feliz neste ambiente de terror era o
Bobo da Corte “Naoq”. Ele ficava rindo e desfrutando da desordem reinando no
castelo.
Figura 8
Depois de uns dias, o rei e a rainha decidiram procurar
ajuda a um médico amigo da família que era muito sábio e experiente. O sábio
médico consultou cada pessoa do castelo que estava infectada com essa terrível
doença. Depois de examinar todos, chamou o rei e a rainha e disse:
-Amados, rei e rainha, a questão é simples, chamem ao
Bobo da Corte, por favor!
Quando o Bobo chegou o médico vociferou, ou seja,
clamou, bradou:
-Agora, você enganador, diga a sua majestade o seu nome
completo!
Tremendo de medo o Bobo da Corte confessou:
-Meu nome é NAOQ… NAOQUERO e meu
sobrenome é REBELDES
-Este delinqüente, apontou o sábio médico, é o
responsável pelo desastre que aconteceu no castelo. Este homem chamado NAOQUERO
REBELDES, transmite uma contagiosa e terrível doença chamada de DESOBEDIENTITES
AGUDA. Esta doença destrói vidas e lares por onde se espalha.
-Mas agora, aquele que quiser meu remédio, o livrarei
desta peste, e também se sua majestade me permite, juntos poderemos expulsar o
criminoso.
O rei e a rainha choravam da emoção! Eles chamaram toda
a família e todos os habitantes do reino que estavam contagiados e deram as
boas novas. Todos, um a um foram curados pelo sábio médico e depois, entre
todos, pegaram o Bobo da Corte pelos pés e as mãos e o jogaram pelos ares bem
longe do reino e do castelo.
Assim, o amor, a obediência e a paz voltaram a reinar no
Castelo.
- Ah, estava me esquecendo! O rei e a rainha querem
deixar um recadinho aqui:
“O Bobo da Corte, Naoq continua andando por aí! Cuidado
crianças, não permitam que entrem nas suas casas. E se por algum motivo já
entrou, não se apavorem, há uma saída, chamem o médico sábio, o Senhor Jesus,
para libertá-los dessa peste e desse malvado”
Fonte: Sementinha Kids
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